O Choro antigo do Brasil por onde tudo começou...
Os lares cariocas do Brasil do início do século 20 eram embalados ao ritmo de choro... Escovado 1914
Choro traz uma característica típica do povo brasileiro, que é a sua diversidade. A música européia, com suas formas e sistemas, vindas com os colonizadores, foi aos poucos agregando pitadas multi culturais. O negro foi uma parte crucial neste processo. Mas não esqueçamos dos índios, sua monofonia lamuriante que apimentada pela melancolia portuguesa, trouxe este elemento emocional, na formação de nossa base cultural,
O choro é o funil que abrigou diversas tendências artísticas. Ali, a natureza fez a sua parte. E deste caldeirão, o choro sintetizou toda a história e evolução da música provinciana brasileira, principalmente dos escravos e seus ritos afros, sua divindades e histórias, muito bem embasadas em seus atabaques e suas danças.
O formalismo português quebrado pelo tempero de um Brasil orgulhoso e cheio de ginga, que adentra ao século XX com muito ritmo, dribles e culto a "malandragem". Um jeitinho de procurar ser feliz e se dar bem. A cultura do dançarino, do passista e do ritmista.
Esta é a cara do choro, uma música livre e um convite a improvisação. No choro, os músicos dançam com seus instrumentos. Se desafiam como dançarinos no salão, onde o que predomina é a alegria, a solidariedade e a rebeldia.
Uma música que nasceu na classe média e nas favelas ao mesmo tempo. Visto com desconfiança pelas elites oligárquicas, que na altura dominavam o cenário político, econômico e social. O Choro foi o primeiro movimento realmente libertador da cultura branca e purista. E o mais interessante, sem expurgá la, deixando a porta sempre aberta à integração e evolução musical vinda de qualquer segmento da sociedade.
E foi por esta facilitação cultural, que fez com que o Choro fosse o laboratório e funil que desaguou em diversas evoluções e ritmos, Do maxixe até a bossa nova, o lundu de nossos ancestrais, as músicas de roda e do Samba. Todas estas evoluções musicais passaram pelo pente fino do choro. A maior escola brasileira de música, que fundiu a técnica e erudição européia, aos atabaques e a sensualidade do nosso povo multirracial.